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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Vivemos uma bolha imobiliária no país?

Thinkstock/Getty Images
Especulações sobre a formação de uma bolha imobiliária sempre vem a tona quando o preços dos imóveis sobem em ritmo acelerado acima da inflação. No Brasil, principalmente nas capitais brasileiras o valor do preço dos imóveis no período de 2009 a 2013 mais do que dobraram. Para João Rocha, do núcleo de real estate (mercado imobiliário) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) não existe uma resposta clara para essa questão, mas existem sim algumas pistas.

Para ele os preços se descolaram da realidade basicamente por três motivos. O primeiro motivo é a especulação vinda de uma crença que os valores subiriam infinitamente. O segundo motivo é uma pressão artificial da demanda motivado por crédito imobiliário abundante e uma relativa facilidade de contratação destes créditos gerando um poder de compra ilusório. O terceiro motivo seria estrutural, uma correção dos custos de forma geral como o aumento do preço dos terrenos, dos materiais de construção e da mão de obra envolvida.

Para Nouriel Roubini, o economista que ficou famoso por prever a crise financeira de 2008, estão aparecendo bolhas em grandes centros urbanos pelo mundo. Ainda segundo ele, tal fenômeno se trata-se de "um replay em câmera lenta" do que ocorreu na crise financeira americana, porém caracterizado por uma série de outros fatores. Em países com maior renda per capita como Israel e Hong Kong, as bolhas são infladas graças as taxas de juros muito baixas praticadas no intuito de evitar uma valorização da moeda. Já no caso dos países emergentes a situação é mais variada. Brasil, Turquia, Índia e Indonésia são citados como países de alta inflação e em comum possuem uma urbanização acelerada que faz com que a demanda por imóveis supere a oferta, empurrando assim os seus preços para cima.

Segundo Robert Shiller, economista da Universidade de Yale vencedor do Prêmio Nobel da Economia em 2013, existe sim a suspeita que realmente ocorra uma bolha imobiliária no país. O economista argumenta que nada aconteceu no Brasil nestes últimos cinco anos de tão dramático que justifique tal escalada de preços. Os imóveis mais que dobraram seu valor em cidades como Rio de Janeiro e em São Paulo enquanto em outros países o movimento tem sido exatamente o inverso. Em Los Angeles e Nova York  por exemplo no mesmo período os preços apresentaram uma queda de cerca de 25%.

O blog Tem Algo Errado ou Estamos Ricos apresenta regularmente matérias comparando o preço de imóveis no Brasil e no exterior.  A seguir uma comparação de dois imóveis com características semelhantes (casas com 4 quartos e 3 banheiros). O primeiro imóvel encontra-se atualmente a venda e localizado nos Estados Unidos e o segundo imóvel também encontra-se atualmente a venda e localizado no interior do Brasil.

Colorado Springs - EUA






São José do Rio Preto - Brasil






O valor da primeira casa a venda nos Estados Unidos em Colorado Springs é de 525 mil dólares, ou seja, cerca de 1 milhão e 228 mil reais convertidos na cotação do dia. O valor da casa a venda no Brasil em São José do Rio Preto é 2 milhões de reais.

A seguir, um vídeo bastante irreverente produzido na Espanha que tem como foco a crise financeira e a bolha imobiliária do país ibérico. As semelhanças com a atual realidade brasileira são de fato muito perturbadoras.


Mesmo diante de tantos alertas e evidências, o governo brasileiro parece não ceder e continua a impulsionar a demanda para ajudar as pessoas a comprarem mais casas enquanto os preços dos imóveis permanecem em alta ou estagnados em patamares muito elevados. Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil SA, Luciano Rostagno, a atual tendência dos preços imobiliários é insustentável, as famílias já se encontram muito endividadas e o ritmo de crescimento do crédito é muito alto e seria prudente neste momento uma diminuição no ritmo dos empréstimos ao mercado imobiliário. Algo que muito provavelmente não irá acontecer em um curto horizonte de tempo, principalmente motivado por um período eleitoral que se aproxima.

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